Saber em movimento na obra andaluza Gāyat al-hakīm, o Picatrix: problematização e propostas

Autores

  • Aline Dias da Silveira Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.24858/175

Palavras-chave:

Idade Média, Picatrix, neoplatonismo medieval

Resumo

O presente ensaio pretende introduzir e fomentar, através de questionamentos e propostas, outro olhar sobre a obra Gāyat al-hakīm, conhecida na versão castelhana e latina como o Picatrix, a partir do contexto do translatio studiorum medieval e pela perspectiva dos entrelaçamentos transculturais (Transkulturelle Verflechtungen). Dessa forma, as problematizações desenvolvidas compreendem três aspectos: o teórico-metodológico, o conceitual e o analítico. A primeira parte propõe uma possibilidade de olhar teórico e metodológico atento aos problemas políticos e sociais atuais, bem como a utilização do termo “temporalidades” para definir as relações entre tempo, espaço e vivência/percepção humana. A segunda parte evidencia a intrínseca relação entre filosofia, teologia e magia astral nas fontes em movimento no translatio studiorum, articulada pelo princípio neoplatônico de emanação. A terceira parte coloca questões em relação aos objetivos do rei Afonso X na tradução das obras que versam sobre magia astral, tendo em vista os aportes mencionados anteriormente.

Biografia do Autor

Aline Dias da Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora Adjunta do curso de História da Universidade Federal de Santa Catarina; coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Medievais – Meridianum CNPq/UFSC; membro do NEMED CNPq/UFPR e do GT ANPUH/SC  de História Antiga e Medieval.

Referências

ALFONO EL SABIO. Setenario. VANDERFORD, Kenneth H. (ed.). Buenos Aires, 1945.

ALFONSO EL SABIO. Las Siete Partida. LOPEZ,Gregório (ed). Salamanca 1555. (nova edição, Madrid, 2004).

APPETITI. Emanuela. “Translatio Studiorum in the activity of the institute for the preservation of medical traditions”. Medievalia 16 (2013), 13-21.

Astromagia (Ms.Reg.lat.1283ª). Napoli: Liguori Ed., 1992.

AVILÉS, Alejandro García. “Alfonso X y el Liber Razielis: imágenes de la magia astral judía en el scriptorium alfonsí Alfonso X”. Bulletin of Hispanic Studies, vol. 74, 1 (1997), pp. 21-40;

AVILÉS, Alejandro García. “La cultura visual de la magia em la época de Alfonso X”. V Semana de Estudios Alfonsí. Alcanate V (2006-2007), pp. 49-87;

BERTOMEU, Fabio Vélez. “Translatio studiorum: Breve historia de la transmisión de los saberes”. Mutatis Mutandis, vol. 6, nº 1, 2013, pp. 126-138;

BEZERRA, Cícero Cunha. Compreender Plotino e Proclo. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2006.

BORGOTE, Michael; TISCHLER, Mattias M.(Hrsg.). Transculturelle Verflechtung im mittelalterlichen Jahrtausend. Europa, Ostasien und Afrika. Darmstadt: Wissen Verbindet, 2012.

BOUDET, Jean-Patrice, CAIOZZO Anna; Weill-PAROT, Nicolas (eds.). Images et magie. Picatrix entre Orient et Occident, Paris, Honore Champion, 2011.

BRAUDEL, Ferdinand. A longa Duração. In: História e Ciências Sociais. 6ª edição. Lisboa: Editorial Presença, 1990, pp. 7-39, p. 15

CALLATAŸ, Godefroid de. “Magia en al-Andalus: Rasa’il ijwan al-Safa’, Rutbat al- hakim y Gayat al-hakim (Picatrix)”. Revista Al-Qantara, n. 31, v. 2, jul.-dez. 2013, pp. 297-344.

DERRIDA, Jacques. El outro cabo. Patricio Peñalver (trad.), Serbal, Barcelona, 1992, pp. 17-18.

DOZY, Reinhart. Nouveaux documents pour l’etude de la religion des Harraniens. In: Michael Jan de Goeje (ed.), Actes du Sixième Congrès International des Orientalistes tenu en 1883 à Leide, Leiden, Brill, 1885, vol. 2, pp. 283-366.

ESCUDÉ, Carlos. Neoplatonismo y pluralismo filosófico Medieval: un enfoque politológico. Buenos Aires: Universidad de Cema. Dezembro de 2011 (Documentos de Trabajo).

FIERRO, Maribel. “Batinism in al-Andalus. Maslama b. Qasim al-Qurtubi (d. 353/964), author of the Rutbat al-Hakim and the Ghayat al-Hakim (Picatrix)”. Studia Islamica, 84 (1996), pp. 87-112.

FLORIDO, F. Léon. “Translatio Studiorum: translado de los libros y diálogo de las civilizaciones en la Edad Media”. Revista General de Información y Documentación, 2005, v. 15, n. 2, 51-77.

GARCÍA AVILÉS, Alejandro. “Alfonso X y la tradición de la magia astral”. In: MONTOYA MARTINEZ, J.; DOMÍNGUEZ RODRÍGUEZ, A. (Orgs). El Scriptorium Afonsí: de los Libros de Astrología a las “Cantigas de Santa María”. Madrid: Editorial Complutense, 1999, 83-103.

GONÇALVES, Ana Teresa M.; NETO, Ivan V.. “Religião e magia na Antiguidade Tardia: do helenismo ao neoplatonismo de Jâmblico de Cálcis”. Dimensões, vol. 25, 2010, p. 4-17.

GONZÁLEZ, Ricardo Rodríguez. “La convivencia basada en la cultura: el ejemplo de la escuela de traductores de Toledo”. Encuentros Multidisciplinares, Madrid, vol. 7, n. 19, 2005, pp. 1-13.

HAMEEN-ANTTILA, Jaakko, “Continuity of Pagan Religious Traditions in Tenth-Century Iraq” In: Antonio Panaino y Giovanni Pettinato (eds.). Ideologies as Intercultural Phenomena. Melammu Symposia III, Bologna, International Association for Intercultural Studies of the MELAMMU project, 2002, pp. 89-107.

HEIDEGGER, Martin. Sein und Zeit. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 2006, p.335;

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 13ª edição. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2005,

JUBRAN, Safa A. A. C. Para uma romanização padronizada de termos árabes em textos de língua portuguesa. Tiraz (USP), São Paulo, v. 1, p. 17-30, 2004.

KNAUTH, K. Alfons (Ed.). Translatio Studii and Cross-Culural Movements or Weltverkehr. Comparative Literature: Sharing Knowledges for Preserving Cultural Diversity – Vol. II. Im druck;

Lapidario. Según el manuscrito escurialense h.I 15. LAPESA, Rafael (ed.). (Obres Nuevos – Clássicos Medievales en Castellano Actual) Madrid 1981.

Liber Razielis, (Roma, Biblioteca Vaticana, Ms. Reg. lat. 1300);

LIBERA, Alain De. A Filosofia Medieval. São Paulo: Edições Loyola, 2011.

Libro de Astromagia: Alfonso X. Astromagia (Ms.Reg.lat.1283ª). Napoli: Liguori Ed., 1992.

Libro de las Cruzes. KASTEN, Lloyd A.; KIDDLE, Lawrence B (eds.). Madrid, 1961.

LUPI, João; GOLLNICK, Silvania. “A Teoria Emanacionista de Plotino”. Scintila, Curitiba, vol. 5, n. 1, 2008, pp. 13-30, p.14.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: Pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.

MATTOS, Carlinda Maria Fischer. “A Astrologia na corte de Afonso X, o sábio: o Libro de las Cruzes”. Revista Anos 90, Porto Alegre, n. 16, 2001/2002, pp. 93-106, p. 102.

NETO, Ivan Vieira. “Filosofia, religião e misticismo na Antiguidade Tardia: Plotino, Porfírio e Jâmblico e as diferentes nuances do neoplatonismo”. Revista Archai – As origens do pensamento ocidental. Annablume Clássica, n. 5, jul. 2010, pp.132-133.

Otto von Freising. Chronik oder die Geschichte der Zwei Staaten. Berlin: Rütten & Loening, 1960, pp.12-14.

PEREIRA, Rosalie Helena de Souza. Do Ocidente para o Oriente: Harrān, último reduto pagão e centro de transmissão do pensamento grego para o mundo islâmico. In: De BONI, L. A.; PICH, R. H.. (Org.). A recepção do pensamento greco-romano, árabe e judaico pelo Ocidente Medieval. 1ªed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, v. 1, p. 71-88. p. 7.

PICATRIX. Das Ziel der Weisen von Pseudo-Magriti. Hellmut Ritter e Martin Plessnaer (trad. e Ed.). London, 1962 (Studies of the Warburg Institut, 27). Primeira edição 1933.

PICATRIX. The latin version of the Ghayat Al-Hak. David Pingee (trad. e ed.). London, 1986.(Studies of the Warburg Institut, 39);

PINGREE, David, “Some of the Sources of the Ghayat al-Hakim’. Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, 43 (1980), pp. 1-15;

PINGREE, David. The Sabians of Harran and the Classical Tradition. International Journal of the Classical Tradition, 9 (2002), pp. 8-35.

RICO, Francisco. El Pequeño mundo del hombre. Varia fortuna de una idea en la cultura española. Madrid: Alianza Editorial, 1986, pp.64-65.

SEIBT, Cezar Luís. Temporalidades e propriedade em Ser e Tempo de Heidegger. Rev. Filos., Aurora, Curitiba, v. 22, n. 30, p. 247-266, jan./jun. 2010. Gostaria de enfatizar que o conceito de temporalidade utilizado aqui apenas se aproxima, do conceito de Zeitlichkeit de Heidegger.

SENKO, Elaine Cristina. “Afonso X, o Sábio (1221-1284) e a recepção da translatio studiorum na Idade Média viva”. Revista Litteris, n. 14, set. 2014, pp. 238-251.

SGARDI. Marco. (Ed.). Translatio Studiorum Ancient, Medieval and Modern Bearers of Intellectual History. Leiben (Nearderland)/ Boston: Brill, 2012. (Brill’ Studies in Intellectual History, V. 27);

SILVEIRA, Aline Dias. “A Trama da História na concepção de povo nas Siete Partidas”. Revista Diálogos Mediterrânicos, Curitiba, n. 7, dez/2014, pp. 66-83.

SILVEIRA, Aline Dias. Fronteiras da Tolerância e Identidades na Castela de Afonso X. In: FERNANDES, Fátima Regina. Identidades e Fronteiras no Medievo Ibérico. Curitiba: Editora Juruá, 2013, pp. 127-149.

THOMANN, J., “The Name Picatrix: Transcription or Translation? Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, 53 (1990), pp. 289-296.

THOMANN, J.. The Name Picatrix: Transcription or Translation? Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, 53 (1990), pp. 289-296. Aqui usarei a edição de Pingree da versão latina do texto Picatrix: Picatrix. The Latin Version of the Ghayat Al-Hakim. David Pingee (trad. e ed.). London, 1986.

TISCHLER, Matthias M.. “Academic challenges in a changing word”. Journal of Transcultural Medieval Studies. 2014, n. 1, vol. 1, pp.1-8;

Downloads

Publicado

2016-01-08

Como Citar

Dias da Silveira, A. (2016). Saber em movimento na obra andaluza Gāyat al-hakīm, o Picatrix: problematização e propostas. Revista Diálogos Mediterrânicos, (9), 169–188. https://doi.org/10.24858/175