Uma poesia descentrada ou os pais de Álvaro de Campos

Autores/as

  • Silvio Cesar dos Santos Alves Universidade Estadual de Londrina (UEL)

DOI:

https://doi.org/10.24858/237

Palabras clave:

Modernidade, Modernismo, Tradição

Resumen

Num texto de 1966, intitulado “Uma literatura desenvolta ou os filhos de Álvaro de Campos”, Eduardo Lourenço aponta os ficcionistas portugueses emergentes entre as décadas de 50 e 60 como os legítimos descendentes do mais modernista dos heterônimos pessoanos, na medida em que se afastavam de certo compromisso com a ética e com a ideologia, desvalorizando o discurso logocêntrico e as grandes narrativas. Partindo dos pressupostos laurentinos, pretendemos demonstrar em que sentido a poesia de Carlos Fradique Mendes, criado em 1869, a partir de uma experiência heteronímica coletiva levada a termo por Antero de Quental, Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis, pode ser vista como antecipatória das inovações estéticas que Eduardo Lourenço afirma terem sido trazidas à poesia portuguesa pelo heterônimo futurista de Pessoa e retomadas pelos autores da “Nova Literatura”. Logo, em vez dos “filhos”, trataremos daqueles que, seguindo o mesmo raciocínio traçado por Lourenço, podem ser vistos como os “pais” geracionais ou intelectuais de Álvaro de Campos.

Biografía del autor/a

Silvio Cesar dos Santos Alves, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Doutor em Letras - Literatura Comparada, pela UERJ (2013). Mestre em Letras - Literatura Portuguesa, pela UERJ (2008). Possui Licenciatura Plena em Letras pela UNIG (2003). Entre 2005 e 2015, atuou como Professor Docente de Língua Portuguesa, Literatura, Produção Textual, Produção Oral e Escrita, e Redação Técnica, da Educação Básica e Profissionalizante da rede pública de ensino. De agosto de 2010 a setembro de 2011, atuou como Professor de Literatura Portuguesa e Teoria Literária, no Curso de Letras da Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Atualmente, é Professor Adjunto 40h, de Literatura Portuguesa, da Universidade Estadual de Londrina. Faz parte do Grupo de Pesquisa "Eça", vinculado ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP. Desenvolve pesquisa de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, investigando as poéticas portuguesas do fim do século XIX e do início do século XX.

Citas

BERARDINELLI, Cleonice. “Cesário entre Fradique e Sá-Carneiro”. In: Boletim do SEPESP. Rio de Janeiro, 1988, p. 92-106.

HESS, Rainer. Os inícios da lírica moderna em Portugal (1865-1890). Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1999.

LOURENÇO, Eduardo. “Uma literatura desenvolta ou os filhos de Álvaro de Campos”. In: O Tempo e o Modo, Lisboa, Outubro de 1966, nº 42, p. 923-935.

MENDES, Carlos Fradique. Versos de Carlos Fradique Mendes. Lisboa: Ed. 70, 1973.

PESSOA, Fernando. O livro do desassossego por Bernardo Soares. Mem Martins: Europa-América, 1986. vol 1.

______. Poemas de Álvaro de Campos. São Paulo: Z Edições, 2014.

______. Prosa de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 2012.

QUENTAL, Antero de. Odes Modernas. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1865.

______. Poesia completa: 1842-1891. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001.

REIS, Jaime Batalha. Anos de Lisboa – Algumas lembranças. In: Anthero de Quental/In Memoriam. Porto: Mathieu Lugan, 1896.

SERRÃO, Joel. O primeiro Fradique Mendes. Lisboa: Livros Horizonte, 1985.

Publicado

2016-12-06

Cómo citar

Alves, S. C. dos S. (2016). Uma poesia descentrada ou os pais de Álvaro de Campos. Revista Diálogos Mediterrânicos, (11), 35–49. https://doi.org/10.24858/237