O estabelecimento do culto híbrido ao deus Serápis na Alexandria Ptolomaica: conjuntura, motivações e debates.
DOI:
https://doi.org/10.24858/380Palabras clave:
Alexandria, Ptolomeus, Serápis.Resumen
A conquista de territórios do Mediterrâneo Oriental pela Macedônia e a fundação de Alexandria no litoral egípcio no séc. IV a.C., bem como a posterior transformação do Egito em província romana três séculos depois intensificaram as mais diversas formas de intercâmbios culturais na região do Nilo. Um exemplo notável do fortalecimento desse processo de integração se refere a popularização de tradições religiosas egípcias antigas e suas ressignificações e dispersão por todo o mundo helenístico-romano. O culto ao deus híbrido greco-egípcio Serápis ao lado da deusa egípcia Ísis (antiga consorte de Osíris) e sua crescente difusão pelo ecúmero é uma chave importante para analisar fenômenos de sincretismos num contexto em que aspectos antes vistos como “nativos” e étnicos ganharam um estatuto global e cosmopolita. Serápis é normalmente explicado na historiografia como uma “invenção”, que visava fundir tradições gregas e egípcias num mesmo culto. Contudo, há diversas nuances da atmosfera político-religiosa no surgimento desse culto que enfraquecem a ideia de invenção e podem ter ajudado a impulsionar a nova crença. A deidade acabou se revelando conveniente para a legitimação da nova monarquia macedônica em território nilótico, que não pretendia apagar as antigas tradições faraônicas. Nesse sentido, a intenção desse artigo é discutir o ambiente e as prováveis motivações de Ptolomeu I Sóter para alavancar uma religião híbrida e inovadora em Alexandria.
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