Exílio, mobilidade e poder na Antiguidade Tardia: O caso de Gala Placídia Augusta (423 d.C.)
DOI :
https://doi.org/10.24858/rdm.v0i19.404Mots-clés :
Antiguidade Tardia, Exílio, Mobilidade,Résumé
Resumo: Exílio, mobilidade e poder devem ser compreendidos como três conceitos, irremediavelmente, imbricados. Ocorrido no decurso do século V d.C., o exílio de Élia Gala Placídia é, neste sentido, um episódio importante a ser compreendido na intersecção destes três conceitos. Gala Placídia, mãe de Valentiniano III e Justa Grata Honória, foi exilada em razão de uma tensão com o meio irmão Honório. Seu exílio, cumprido em Constantinopla, coloca alguns desafios à nossa compreensão usual acerca da concepção de “exílio” como o espaço longínquo, lugar da diferença, do outro, espaço exterior que desterritorializa e desenraiza aquele a quem tal sentença é imposta na busca de conduzir o indivíduo ao isolamento. Pelo contrário, é possível argumentar que Gala Placídia foi para Constantinopla, sua cidade natal, e permaneceu influente porque seu “exílio” implica em uma outra noção de “outro” vinculado à uma mobilidade em direção à outro centro de poder. Constantinopla rivaliza com Ravena que desponta também como importante centro de poder na Antiguidade Tardia. O que depreendemos desse episódio é que sendo Gala Placídia uma personagem que viveu grande parte de sua vida entre lugares, viajando com frequência por todo o Império Romano desde Constantinopla à Roma até em direção a regiões mais à oeste como as Gálias e a Hispânia mesmo estas regiões não estando mais sob o controle romano, o seu exílio em lugar de enfraquecê-la afirmou ainda mais seu poder e influência.
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