Livros e exames de Retórica no tempo de Pombal: a emergência de uma disciplina de conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.24858/240Palavras-chave:
Bibliotecas, Retórica, História da Educação e da Leitura no século XVIIIResumo
Acusados de obscurantismo, seja por conta dos métodos de manutenção do poder conquistado, seja por conta do tipo de ensino praticado na época, o contributo dos missionários jesuítas foi considerado pernicioso à utopia iluminista que se apresentava em Portugal no século XVIII. A fim de redirecionar a formação do corpo administrativo do Estado lusófono, Pombal criou cadeiras ou Aulas Régias, pagando, via Estado, por um ensino público e laico no campo dos Estudos Menores. O conjunto era comporto por 7 disciplinas em que a Retórica, em português, recebeu maior destaque, uma vez que Pombal fixou no exame de retórica um ponto de intersecção entre os ensinos menor e maior. Na primeira etapa de implantação da disciplina, para lecionar era necessário realizar o exame da matéria em colégios reconhecidos, na época concentrados em Portugal e, sobretudo, na Universidade de Coimbra. Alguns dos primeiros exames foram realizados por estudantes que sequer tiveram contato com o ensino da disciplina, pelo menos em português, durante seus tempos de estudo. Os exames antecederam a publicação dos manuais que orientaram a disciplina a partir de 1756 e, de uma certa maneira, inauguraram o campo de conhecimento na língua local. Manuel Inacio da Silva Alvarenga foi o primeiro mestre régio de Retórica na América Portuguesa. Estudante de Direito em Coimbra, lecionou para os vultos do Império chegando a ser preso pela difusão das suas idéias. Sem o suporte de uma escola, tal como conhecemos hoje, com biblioteca, secretaria, etc, o mestre régio era responsável pelos materiais de ensino que intentasse utilizar, no que esmerou-se Alvarenga, compondo uma das maiores bibliotecas fluminenses do período. Da combinação da análise desses dois conjuntos documentais, quais sejam: alguns dos primeiros exames de Retórica em Portugal e o índice da biblioteca do primeiro mestre licenciado da disciplina na América Portuguesa, acreditamos ser possível delinear uma genealogia dos estudos da matéria em ambiente luso-brasileiro. A sondagem da disciplina na dispersiva fase inicial se justifica não apenas para uma melhor compreensão da emergência de uma norma retórica lusófona, mas também como exercício do entendimento dos caminhos do saber, em que se inscreve uma economia do conhecimento, senão uma política da educação luso-brasileira.
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